gripe

se um dia os suspiros fossem rosas
e a tosse rouca o início de mais um dia
no teu calor perdido,
seria homem suficiente
na tua dor, abraçando-te
em linha recta e adormecendo-te
ao sabor do vento
que, inquieto,
sopra a loucura do teu
desatino
e o leva para longe.

hoje é tempo de fugir,
amanhã é dia de enfrentar,
deixando as noites perderem-se
em melodias e suspiros
e os olhos percorrer
sem parar
as curvas finas
deste corpo que se estende
à tua vontade adulta
de poder.

no silêncio encontro-te
e no tempo perdido
escolho a revolta
em vão,
encontro-me no além mar
inquieto, revolto
para me perder
em palavras ocultas
que escreves em paredes
acesas, dormentes
de sentir o meu corpo
espalmado no encontro
frio da mão que te estendo
para que a sintas, húmida e triste,
porque hoje
não há tempo suficiente
para o tempo que te peço
em tom agudo de vontade.

polar

nem uma fita métrica,
nem solda
para soldar.

inquebrável,
como este suspiro
de sol,
como o ventre
de onde nascemos.

dois.
a perfeição eterna
do ser.