nicotina

o fumo das coisas

quinta-feira, junho 22, 2006

Amor (s. m.)

É demasiado simples.


1.
É interessares-te por alguém que pensas que te vai salvar, que te salva durante algum tempo e que depois percebes que te fartaste do hálito e das roupas usadas e de acordar com a mesma sensação vaga de estares perdido como outrora.

2. É sentires a necessidade (imposta pelo inconsciente colectivo) de te agarrares a um ser humano com a única finalidade de seres aceite e de te sentires menos só. Depois apercebes-te que afinal precisas de outra coisa e deixas o sentimento de lado.

3. É quereres demasiado uma coisa (ex: pessoa) e não descansares enquanto conseguires que sintam o mesmo que tu sentes, o que é impossivel (porque uma relação é sobre as falhas que vos unem). Acabas por te fartar até encontrares outra obsessão.


4.
É uma obsessão platónica que deriva do facto de te achares a pior pessoa do mundo. Apanhas a primeira pessoa que te parece desprevenida para a assediares mentalmente e nos teus sonhos vais imaginando a perfeição, personificada nessa pessoa, como cura para a tua insatisfação.

5. É um mal estar físico que associas à falta de sexo/toque naquela parte do corpo que te faz ir ao céu. Procuras ardentemente alguém com quem possas partilhar a intimidade de forma a, mais uma vez, não te sentires só ao acordares. Essa pessoa vai-te fazer lembrar, todos os dias, o quanto infeliz tu és, mas tu precisas tanto que aguentas até quando dói mais.

6. É um impulso sexual que te faz querer levar para a cama qualuer pessoa com quem aches que tenhas hipotese. Se por um acaso do destino a conseguires convencer, fartas-te logo ao primeiro orgasmo e continuas até encontrares a perfeita combinação na cama. Nunca vais conseguir.

7. É apenas seguires o fluxo da natureza e amá-la por tudo o que te dá todos os dias e assim sentires-te bem contigo, com o que tu és, com o teu dom, e assim nem precisas de ninguém para atrapalhar o teu equilibrio.

e finalmente

8. É estares com essa pessoa e não haver mais hipotese nenhuma a não ser unir as vossas almas para todo o sempre, porque o que sentes é tão forte quanto aquilo que te completa. Ao invés do amor por tí, é o amor por tudo aquilo que te equilibra e assim consegues perpertuar o fluxo da natureza. Isto é a manifestação mais pura do amor, a normalidade.


in Novo Dicionário dos Sentimentos, Parte Um.



todos os textos e todas as fotos (c) joão amorim 2005