nicotina

o fumo das coisas

terça-feira, junho 07, 2005

Seis e Tal, Quase Sete

Gosto de me sentar no parque do Príncipe Real, à tarde, por volta das seis, sete horas, para ver o sol esconder-se devagarinho no horizonte, e depois já é noite e as luzes amarelas da cidade estão todas acesas.

Sentar-me e olhar a imensidão das àrvores com o reflexo dourado do sol trás-me sentimentos alegres e tristes, tal como o dia e a noite, dois paradoxos sem os quais não podemos viver.

A solidão nunca me afectou, nem o amor me interessa na rotina diária do fumar cigarro atrás de cigarro para passar o tempo. O dia nunca me atormentou como a noite, de dia vive-se e respira-se, e de noite também. De noite evoca-se novamente a solidão como desculpa para tudo.

Detesto ter que inventar desculpas para a minha comoção diária. Prefiro sentar-me no parque e comer uma maçã vermelha, imaginando que Eva também andou por ali e que um dia as suas unhas se fixarão na minha pele, arrancando pedaços e guardando-os numa caixinha de madeira.

Eva atormenta-me com a sua magia solar. Por onde anda ela? Ontem procurei no Chiado, por entre as ruas apinhadas de futilidade, não estava lá. Procurei no Bairro Alto e perguntaram-me se queria droga. Procurei em minha casa e só encontrei pó.

Sosseguei e pensei que ela iria aparecer quando o ciclo terminasse.

Mas o ciclo ainda não começou.

Gosto de sentar-me no parque do Principe Real, à tarde, por volta das seis, sete, e observar o por-do-sol pensando em ti e no mal que me fazes.

1 Divagações:

Blogger oh, monossílabo escreve...

e o Principe Real deixa? (ok, desculpa lá esta)

vunito. e fofo. fofo também. fôfo.
:B

quinta-feira, outubro 27, 2005 10:17:00 da tarde  

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